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Lula chama encontro com ditador venezuelano de "momento histórico"; Maduro coleciona acusações de violações de direitos humanos
29/05/2023 16:13 em Política

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta segunda-feira (29) a união de países latino-americanos durante entrevista coletiva de imprensa ao lado do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.

 

"A América do Sul precisa trabalhar como bloco. Não dá pra imaginar que, sozinho, um país vai resolver os seus graves problemas que já perduram mais de 500 anos", defendeu o presidente brasileiro.

 

 

 

Durante o discurso, Lula lembrou que há oito anos Maduro não vinha ao Brasil e chamou o encontro entre os dois de “momento histórico” e de “volta da integração”.

 

“A Venezuela sempre foi um parceiro para o Brasil. Por equívocos, Maduro ficou muito tempo sem vir ao Brasil e a gente sem ir lá. Tínhamos uma relação comercial de praticamente R$ 6 bilhões. Isso é ruim para a Venezuela e ruim para o Brasil”, disse Lula.

 

“Quero dizer que é um prazer te receber aqui outra vez”, afirmou Lula. E qualificou Juan Guaidó, líder da oposição venezuelano e que chegou a se autoproclamar presidente do país, como um “impostor”.

 

“Eu fiquei sabendo que a Venezuela tinha um reserva de ouro em Londres, e que essa reserva de ouro foi colocada sobre a guara de Guaidó. Um impostor como presidente da República, porque não aceitaram o presidente eleito”, discursou Lula.

 

"Se a gente estiver junto, nós temos 450 milhões de pessoas, a gente tem um PIB de quase US$ 4,5 trilhões. A gente tem força no processo de negociação e é por isso que esse momento [cúpula] é importante", completou.

 

Direitos humanos

 

A defesa de Maduro por Lula vai na contramão de denúncias internacionais contra o líder chavista.

 

Segundo a Anistia Internacional e um relatório da ONU, o regime de Maduro é responsável por violações de direitos humanos e é suspeito de crimes contra a humanidade. As acusções incluem prisões arbitrárias de opositores - entre 240 e 310 pessoas seguem presas no país por conta de manifestações políticas - agressões estatais contra jornalistas e ativistas de direitos humanos e ameaças de violência contra povos indígenas.

 

O país também estaria fazendo vista grossa para execuções extra-judiciais e casos de tortura contra opositores de Maduro, segundo a Anistia Internacional. Em março passado, quatro indigenas Yanomami na região de Parima B foram mortos por militares.

 

Em 2022, o país fechou, com uso de força policial, 78 estações de rádio. Entre janeiro e setembro de 2022, a Guarda Nacional Bolivariana teria perpetrado 488 execuções extra-judiciais. No começo de julho do mesmo ano, os ativistas de oposição Néstor Astudillo, Reynaldo Cortés, Alcides Bracho, Alonso Meléndez, Emilio Negrín e Gabriel Blanco foram presos em um espaço de 72 horas, sem mandado judicial ou direito de defesa.

 

O pais também sofre com extrema pobreza e dificuldade alimentar: segundo o Centre for Documentation and Analysis for Workers, a cesta básica no país está estimada em US$ 386 - quase 30 vezes o salário mínimo nacional, equivalente a US$ 13 ao mês.

 

Até o final de 2022, 7,1 milhões de venezuelanos buscaram refúgio em países vizinhos.

 

Os dados, no entanto, pouco importam para Lula: Ele afirmou, nesta segunda-feira (29), que a Venezuela é “vítima de uma narrativa de antidemocracia e autoritarismo”.

 

“Se eu quiser vencer uma batalha, eu preciso construir uma narrativa para destruir o meu potencial inimigo. Você sabe a narrativa que se construiu contra a Venezuela, de antidemocracia e do autoritarismo”, disse Lula se dirigindo a Maduro.

 

“Eu vou em lugares que as pessoas nem sabem onde fica a Venezuela, mas sabe que a Venezuela tem problema na democracia. É preciso que você construa a sua narrativa e eu acho que, por tudo que conversamos, a sua narrativa vai ser infinitamente melhor do que a que eles têm contado contra você”, declarou Lula.

 

Cúpula

A partir desta terça-feira (30), chefes de Estado de países da América do Sul se reúnem em Brasília, no Palácio Itamaraty. Os presidentes de Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Suriname, Uruguai e Venezuela confirmaram presença. Um encontro desse porte não ocorre há, pelo menos, sete anos.

 

“O principal objetivo desse encontro é retomar o diálogo com os países sul-americanos, que ficou muito truncado nos últimos anos, e é uma prioridade do governo Lula. Temos consciência que há diferença de visão e diferenças ideológicas entre os países, mas ele [Lula] quer reativar esse diálogo a partir de denominadores comuns com os países”, explicou a embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores (MRE), na última sexta-feira (26).

 

Embora o governo brasileiro evite apontar uma proposta específica, há a expectativa de que os presidentes discutam formas mais concretas de ampliar a integração, incluindo a possibilidade de criação ou reestruturação de um mecanismo sul-americano de cooperação, que reúna todas as nações da região. Atualmente, não existe nenhum bloco com essas características.

 

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