A Polícia Federal e a Receita Federal deflagraram nesta quinta-feira (24) duas novas operações para desarticular organizações criminosas envolvidas no tráfico de cocaína da América do Sul para o continente europeu.

As operações Retis e Spiderweb somam a expedição de 17 mandados de prisão e 86 de busca e apreensão. Os alvos da operação estão nos Estados do Paraná, Santa Catarina e São Paulo.

Também foram decretados sequestro de imóveis, bloqueio de bens e valores existentes nas contas bancárias e aplicações financeiras dos investigados.

Entre os principais municípios envolvidos está Balneário Camboriú, onde foram apreendidos carros de luxo dos investigados - entre eles um Porsche 911 Turbo avaliado inicialmente em R$ 839 mil, uma BMW M5 avaliada em pouco mais de R$ 1 milhão e uma BMW 320i avaliada em quase R$ 300 mil.

Somados, os bens e patrimônios totalizam aproximadamente R$ 55 milhões - e há a possibilidade de que durante as investigações seja feita a identificação e o bloqueio de outros bens vinculados aos integrantes das organizações criminosas.

As investigações revelaram que os criminosos utilizavam diversos métodos para garantir o envio de carregamentos de cocaína a países da Europa através do Porto de Paranaguá (PR).

Entre os métodos estava a inserção da droga por mergulhadores em um compartimento submerso do navio “sea chest”. Eles também ocultavam a droga em contêineres sem conhecimento do exportador, modalidade conhecida internacionalmente como “RIP ON-RIP OFF”. A ocultação era feita no maquinário refrigerador dos contêineres, acondicionamento dissimulado da droga no interior de cargas lícitas de madeira, suco de laranja, açúcar, entre outras.

Ainda durante os trabalhos foram realizados dois procedimentos de entrega controlada em conjunto com a França, que proporcionaram às autoridades francesas o acompanhamento do recebimento da cocaína em solo europeu, com a identificação do grupo criminoso responsável pela retirada da droga , o “RIP OFF”, no Porto de Le Havre, resultando na prisão dos envolvidos e apreensão de pistolas e fuzis, além da droga remetida.

A Polícia Federal apurou ainda que os grupos investigados tem ligações diretas com a máfia italiana, especificamente com uma organização mafiosa constituída na região da Calábria, a 'Ndrangheta - a principal controladora do fluxo de cocaína para a Europa - responsável por contratar a logística dos investigados em Paranaguá para enviar os carregamentos de cocaína até os portos da Europa, em especial o porto italiano situado na região na qual detém predomínio nas ações criminosas.

As organizações criminosas alvos da operação desta quinta-feira também se caracterizam pela extrema violência empregada em suas ações, havendo a constatação do envolvimento de seus integrantes em homicídios; o líder de um destes grupos teria sido executado a tiros.

O trabalho é um desdobramento da Operação Enterprise, deflagrada pela Polícia Federal no dia 23 de novembro de 2020 em diversos Estados brasileiros e no exterior para combater um conglomerado de Organizações Criminosas voltadas ao tráfico internacional de drogas.

A investigação deflagrada recai sobre membros operacionais que atuam, em especial, no depósito, transporte, e inserção de cocaína nos contêineres e “sea chest” de navios com destino à Europa.

Os investigados responderão pelos crimes de tráfico internacional de drogas, com penas que podem chegar até 25 anos de reclusão para cada ação perpetrada, bem como pelos crimes de pertinência a organização criminosa e associação para fins de tráfico, que podem chegar a 24 anos de reclusão.