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Jovem catarinense tem vida alterada após diagnóstico de doença ocular autoimune
29/01/2024 14:27 em Saúde

 Olhos saltados e alterações visuais: entenda a doença autoimune que mudou a vida de jovem catarinense

Em uma jornada de dez anos, ela recebeu diagnósticos e tratamentos equivocados até confirmar a doença ocular da tireoide (DOT)

 

 

São Paulo, janeiro de 2024 – A catarinense Sofia Arseno, hoje com 33 anos, sofreu um mal-estar que a levou ser internada na UTI quando tinha 23 anos. Seu diagnóstico: doença de Graves. Ela, então, passou a ser tratada com medicamentos específicos para o controle da condição de saúde. Após seis meses, Sofia notou seus olhos “saltados”, a visão mais embaçada e inchaço anormal na região do pescoço, o bócio - que é o aumento do volume da tireoide. Os sintomas avançavam à medida que ela continuava o tratamento para a doença de Graves.

 

Foi então recomendado a Sofia iodoterapia para controlar o bócio e corticoide para os sintomas dos olhos. Sem sucesso também com esses tratamentos, ela se consultou com outra equipe médica, que enfim descobriu a real causa de seus sintomas oftalmológicos: a doença ocular da tireoide (DOT), patologia autoimune rara, em que o organismo ataca as células ao redor dos olhos, fazendo com que os músculos e/ou a gordura presentes atrás deles aumentem1.

 

Estima-se que 90% das pessoas diagnosticadas com DOT possuem ao mesmo tempo o hipertireoidismo.2 Ela é muito confundida com a doença de Graves, condição também autoimune responsável pela maioria dos casos de hipertireoidismo. Ambas são condições distintas e requerem cuidados específicos, apesar da correlação entre elas. “A DOT está presente em até 40% dos pacientes que possuem a doença de Graves, em contrapartida, uma a cada dez pessoas que são afetadas pela doença ocular da tireoide não possui a doença de Graves”, explica a oftalmologista Gherusa Helena Milbratz Moré, especialista em órbita, vias lacrimais e pálpebras, e membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Ocular.

 

Os principais sintomas da DOT, como retração das pálpebras, visão dupla, dor, irritação crônica que causa vermelhidão, olhos secos e projeção do globo ocular para fora da região do olho, com aspecto de “saltados”, foram característicos no caso de Sofia e agravados pelo tabagismo. Trabalhando com atendimento ao público na época, ela enfrentava dificuldades devido às dores frequentes e à perda progressiva da visão, além de ter sofrido com baixa autoconfiança por conta às mudanças na aparência - sendo essa também a realidade de 52% dos indivíduos diagnosticados com a DOT.3

 

Apesar do hipertireoidismo estar controlado, Sofia continuou tendo progressão da DOT, mesmo recebendo a única terapia específica disponível à época. Os músculos que ficam atrás dos olhos aumentaram muito e comprimiram o nervo óptico, o que poderia causar cegueira irreversível. Ela foi então submetida à cirurgia de descompressão da órbita do olho direito, o que proporcionou mais espaço para o globo ocular acomodar-se na cavidade, evitando assim que ele ficasse saltado.

 

Ainda assim, após um tempo, a DOT continuou progredindo, gerando a inflamação dos seus olhos. Foi feita então uma segunda cirurgia para retirada completa da tireoide. "Embora o controle do hipertireoidismo seja importante para o organismo como um todo, isso não significa cura da doença ocular da tireoide. Os sintomas precisam de cuidados distintos, na doença ocular o alvo do processo autoimune são olhos, enquanto doença da tireoide, o alvo do processo autoimune é a tireoide”, complementa a oftalmologista que acompanhou o caso de Sofia de perto incluindo a recomendação de radioterapia, que obteve mais sucesso no controle dos sintomas oftalmológicos.

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